Junho de 2017

A prova chegou    ?
Dias antes da prova recebo uma notícia que, inesperadamente, me atingiu. Na hora eu soube o que a corrida significava para mim e o qual era o motivo para acordar tantos dias antes do sol nascer, sorrir com as dores na pernas, treinar doente, saber parar, saber continuar... Foi muito mais que corrida, mas eu só descobri isso dias antes.

Uma pequena observação
Moro no estado de Minas Gerais, porém minha família mora em São Paulo e a do meu marido no  Rio de Janeiro. Somos nós três e Deus. Se eu tive preparo para correr a Meia Maratona foi porque eu tive meu marido para ficar com nosso filho enquanto eu treinava e foi assim durante toda a preparação.


A notícia
Meu marido recebeu a notícia que teria que trabalhar no dia 04 de junho, sendo assim, não teria quem olhasse meu filho para que eu pudesse correr. Ele cogitou pagarmos uma babá ou deixamos com alguma colega minha , mas eu não quis, pois o trabalho dele seria 24h e ele foi a pessoa que mais se sacrificou junto comigo durante todo o preparo e eu queria que ele estivesse lá, na chegada, me esperando. Chorei. Meu preparo havia sido "em vão". Meu marido tentou muito trocar o dia do trabalho, mas ninguém aceitou. Até que, por ver meu desânimo, ele ofereceu dois dias de trabalho para outra pessoa para que ela pudesse ficar no lugar dele dia 04. Sim, meu marido trocou o trabalho de 24h do dia 04 por dois de 24h, um durante a semana e outro no final de semana. Eu não quis que ele fizesse isso e disse que eu correria outro dia. Era cansativo demais. Sacrificante demais. Ele insistiu na proposta e conseguiu uma troca no trabalho. Chorei. Não sei de alegria, de tristeza pelo sacríficio, de raiva pela condição que foi a troca, não sei.


Pré-prova
Tudo certo para a corrida. Fomos buscar o kit da corrida. Confesso que me bateu uma baita orgulho ao responder a pergunta do atendente sobre qual distância eu correria. "21km" respondi. Caraca. Se eu conseguisse correr, ia ser bom demais.
Um dia antes da prova, eu não aguentava de ansiedade. O que fiz para me acalmar? Corri. 8km com subidas. Era certo? Não sei, mas eu precisava daquilo. Passei meses treinando, pensando em desistir, lutando pra insistir e persistir. Quase não corro. Essa notícia foi a reviravolta para mim. Como um esporte podia ter tanta importância pra mim? O dia que antecedia a prova me fez pensar em tudo o que fiz e o porquê disso tudo.
A prova era a cereja do bolo para todo crescimento que tive ao longo daqueles meses. Eu não corri para provar nada para ninguém. Eu queria correr por mim mesma. Passei por altos e baixos e me mantive firme. Amadureci. A mulher que se inscreveu no dia 03/01/17 não era a mesma que se preparava no dia 03/06/17.
A frase "Às vezes mais importante que o destino, é o caminho em si. Aproveite a viagem!" fez todo o sentindo pra mim. A trajetória até a prova me amadureceu muito mais que a prova em si. Ela foi a comemoração de uma fase. O que valeu a pena foi todo o caminho até chegar lá.
Após tantas reflexões pré-prova, era hora de descansar. Domingo prometia.


Prova

Acordei cedo, mais que o normal. Me arrumei com calma. Coloquei o boné do meu marido, não pelo sol ou pelo calor, mas porque era uma forma dele estar comigo o tempo todo. Peguei sachê de mel (nota-se que eu não tinha noção de alimentação durante a corrida, mas segui em frente), coloquei encaixado na bermuda, chip, número de peito, tudo pronto. Fomos.
Chegamos cedo no local da largada e eu estava extremamente ansiosa e nervosa com a corrida. Meu marido tentava me animar dizendo que seria meia-maratonista, mas eu não acreditava nisso.  E se eu passar mal? E se eu não aguentar? E se eu quiser desistir? E se...? E se...? Na verdade, não importava. Eu me esforcei, estava lá. Precisava me acalmar e curtir o momento. Treinei para isso. Me despedi do meu marido e do meu filho e fui me posicionar na área da largada. Braçadeira com o aplicativo ligado. Tudo pronto. 10... 9... 8... 7... 6... 5... 4... 3... 2... 1... Largou!...
Escrevendo isso tive a memória exata desse momento, coração na boca, mão trêmula... Eu não acreditava. Eu saíria dali meia-maratonista!! Tentei me concentrar e curtir o momento. O coração atrapalhou um pouco. Batia tão rápido e forte. Parece que por mais que a cabeça mandasse me acalmar, meu coração não concordava. Tava em festa.
Corri e pela primeira vez, não quis desistir, parar, diminuir, andar... Eu só corria e sorria. Que festa! Depois do km 18 foi difícil. A cabeça queria gritar comemorando, o coração pulava, o olho lacrimejava, minha pele se arrepiava. Meu corpo todo em sintonia comemorando cada metro a mais. A dificuldade estava em me manter concentrada. Era um choro preso na garganta que eu tinha que segurar. No km 20, meu corpo não aguentou. Ele queria comemorar. Comecei a soluçar chorando. Queria correr os 21km até 2h30min e eu olhava pro relógio e não tinha dado 2h. Não acreditava naquilo. Sério que é a mesma pessoa que não correu 800m anos atrás? Meu corpo se arrepiou. Já tiveram a sensação de arrepio até no couro cabeludo? Foi isso que senti ao ver a placa do km 20. Me arrepio só de escrever isso.
Km 21, vejo o pórtico. Só mais uns metros e nasceria um meia-maratonista. Acelerei. Dei meu máximo. Meu corpo expulsava qualquer dificuldade que sofri nesses meses de treino, qualquer piada que me fizeram, qualquer menosprezo nas minhas conquistas... Naquele tiro, tudo ficou pra trás. Passei o pórtico. Chorei. As lágrimas não caíram. Não tinha mais água no corpo. Tudo foi embora no suor. No suor de 21.097,5m durante as 2h03min48s.
Vi meu esposo e meu filho. Abracei. Chorei. Me tornei meia-maratonista.


Conquista do dia

Lista de metas de ano novo ticada
Maior distância: 21.097,5m

Maio de 2017

Mês dos longões e da ansiedade pré prova

Recuperada da sinusite, retomei os treinos no dia 03 de maio botando 5,83km pra rodar e fazendo em 32min41s. Minha evolução na corrida estava nítida. Não era só uma mudança de corpo, era uma melhora do condicionamento físico e mental.
Fiz dois longões com incentivo do marido, pois as duas vezes não acreditei que pudesse realizar, mas com um esforço mental intenso consegui correr 17,5km em um treino e 18km no último longão pré-prova.
A data da prova se aproximava e eu sentia um misto de orgulho por realizar  pela primeira vez uma meta de final de ano e medo por enfrentar um desafio que me propus e não sabia o resultado  que ele traria.
O mês de maio passou muito rápido, foi intenso e com treinos constantes.
Viajei para ver a família em São Paulo e minha mudança física não passou despercebido, mas muito mais visível que a mudança física, foi o crescimento mental.
Só mais alguns dias para realizar meu objetivo.


Conquistas do mês

Peso: Fui dos (?) para 68,6kg
Maior distância: 18km

Abril de 2017

Mês da pausa obrigatória


A vida é cheia de altos e baixos e com algumas curvas insanas durante o percurso.
Abril começou devagar, mas com treinos constantes.
No mês anterior, os treinos não realizados eram na maioria longões. Fugi deles por um tempo, mas no final de março a vida voltava a se encaixar e assim continuou no início de abril.
Qualquer corrida que para mim será demorada demais para meu condicionamento físico atual, é considerada longa e ponto final. Seja 7km, 9km, 11km, 18km... não importa. Vou me cansar e vou pensar em desistir de tanto que está demorando? Então é longão.
Consegui fazer duas corridas longas no mês de abril e a motivação estava em alta. Cheguei a correr mesmo estando atrasada para o trabalho (Cheguei na hora, pontualidade é meu sobrenome) e mesmo com sinais de gripe e esse foi meu erro. Acreditei que tinha alguns SINAIS de gripe e que eu não tinha motivos para não correr, na verdade, me senti orgulhosa em correr 5km mesmo cambaleando de dor no corpo e coriza.
Um aprendizado desse mês foi: "Ou você escuta e pára seu corpo, ou seu corpo pára você!".
Após o treino gripada do dia 18 de abril, o meu corpo me parou.
Tenho sinusite e as dores e incômodos que senti, não eram sinais de gripe, era sinusite e já vou avisando que correr com a sinusite atacada é pedir para ficar de cama. Não é brincadeira.
Esse meu ato de coragem me custou 13 dias longe do asfalto e foi ordem médica. Não havia possibilidade de continuar treinando e isso acabou comigo.
Treinos retomados somente em maio.


Conquistas do mês

Peso: Fui dos 69,4kg para os (?)
Maior distância: 15,47km

Março de 2017

Mês de aquisições e recaídas


O volume dos treinos e das distâncias me mostrou que a corrida não era um esporte tão barato assim. Senti a necessidade de me hidratar e com o objetivo de não andar por nenhum metro, precisava de algo efetivo para me hidratar enquanto eu continuava correndo.
Minha primeira aquisição foi um cinto de hidratação da marca Kalenji. Ele era uma espécie de pochete com zíper e dois compartimentos para garrinhas de água de aproxidamente 150ml.
Demorei para usá-lo, pois como anunciado no subtítulo, março foi o mês das recaídas.
Se antes eu tinha orgulho de não ter furado nenhum treino, março iniciou com vários furos e desculpas para não treinar. O corpo já estava cansado e eu não tinha tanta motivação para continuar.
A elevada auto estima e auto confiança adquiridos no mês anterior, me fizeram ficar a vontade com algumas puladas de treino, comidas fora da dieta, saídas noturnas para show e etc.
Mais uma vez o apoio e o incentivo do meu marido foram essenciais para retornar aos treinos e novamente, me vi buscando na memória o sofrimento dos 800m, a alegria de superação dos 18,5km e percebi que eu tinha que continuar em frente.
Disciplina acima de tudo.
Os treinos voltaram ao eixo e continuei postar diariamente meus treinos no Instagram, o que começou a incomodar algumas pessoas que passaram a me questionar se eu não fazia nada além de correr ou piadas como só tinha foto de corrida no meu perfil.
Lembram que logo no primeiro mês de treino eu percebi que precisava de rede de apoio? Então, esse mês passei a por em prática o "ignora ou se afasta das pessoas que te provocam ou te botam para baixo". As postagens de corrida no Instagram ficaram mais frequentes e passei a ignorar os comentários que não me acrescentavam em nada.
Consegui terminar o mês de março melhor que quando iniciei.


Conquistas do mês
 

Peso: Fui dos 71,7kg para os 69,4kg
Maior distância: 9,76km

Fevereiro de 2017

Mês do crescimento da auto estima e auto confiança


Fevereiro veio como um trator. Separou a mulher insegura da mulher confiante.
Comecei dia 03 de fevereiro aumento ainda mais a quilometragem, fazendo pela primeira vez 17,5km e, sensível como sou, terminei o treino completamente emocionada.
Como se a superação da corrida, logo no ínicio do mês, não bastasse, fiz pela primeira vez a Orla da Pampulha ao concluir o treino de 18,5km.
Chorei, mas chorei muito.
Terminei essa corrida olhando meu marido com nosso filho no colo e ambos sorriram para mim. Meu marido colocou nosso filho no chão que veio em minha direção correndo. Chorei mais um pouco. Abracei meu marido e agradeci todo o apoio. Nesse dia, pela primeira vez, percebi qual era a cena da minha vida que me movimentaria nos dias de treinos longos: os benditos 800m! Lembrei deles em cada metro que eu conquistava. Chorei ao pensar que a menina de 18 anos que chorava por não aguentar correr 800m era a mesma mulher que correu 18,5km sem caminhar nenhuma vez.
Ali, amadureci.
Esse mês, a perda de peso era mais visível e isso elevou a minha auto estima. Passei a me arrumar mais e me aceitar mais. Talvez nem todos irão me entender, mas para mim, foi difícil aceitar o corpo pós parto mesmo pensando em tudo o que ele foi capaz de fazer, que foi dar vida ao meu filho. Essa parte teórica é muito linda e bacana de se dizer, mas a prática não foi tão fácil para mim e ver que consegui alcançar um corpo mais leve, fino e forte que eu tive antes da gestação, foi uma conquista muito grande e que afetou minha auto estima de uma maneira muito positiva.
Outro ponto a acrescentar sobre esse mês foi que, sem querer, devido as postagens do Instagram sobre corrida e aos meus treinos próximos ao meu local de trabalho, passei a ser reconhecida como "Aquela que corre".
Sou extremamente tímida com estranhos e não gosto de ser vista, porém a corrida me fez enfrentar um pouco esse meu lado mais inibido.
Fui parada várias vezes no meu trabalho por pessoas que nunca vi ou nunca conversei com a seguinte frase: "Ah você que é a mulher que sempre ta correndo por aqui?" e eu desconsertada sempre respondi: "Não sei se sou essa mulher que você está dizendo, mas eu treino com frequência sim, por aqui.". Com o tempo , percebi que eu era realmente "aquela mulher que sempre tá correndo" e esse reconhecimento , para uma pessoa tímida, é algo difícil de lidar.


Conquistas do mês
 

Peso: Fui dos 73kg para os 71,7kg
Maior distância: 18,5km

Janeiro de 2017

Mês das descobertas, conquistas e superações


No decorrer do mês me mantive concentrada em fazer tudo como o planejado. Não furei nenhum treino e não tive compulsão.
Percebi que a corrida , quando se tem uma prova alvo, não é feita só de uma pessoa.
Dificilmente você conseguirá fazer tudo sozinho e se garantirá nos treinos ou em qualquer auxílio que precise.
Sendo casada e mãe, precisei muito do apoio do meu marido.
Muitas vezes saí para correr cedo nos finais de semana ou tarde da noite nos dias úteis e meu marido ficava com nosso filho e preparava a comida para eu já chegasse com tudo pronto para iniciar o quanto antes o protocolo de jejum.
Em janeiro já notei que a corrida é feita por várias pessoas. Você se desafia, mas não é a única pessoa a "sofrer" as consequências dessa decisão, então precisa de uma rede de apoio que te ajude a fazer acontecer.
Dia 29 de janeiro, completei 25 anos e como presente, coincidentemente, a planilha planejou um treino de 14km. Seria minha maior distância até então.
Consegui!!! Que alegria foi realizar esse treino. Vi que a corrida me deixou mais forte fisicamente e emocionalmente. Eu havia corrido 14km sozinha, sem caminhar. Isso foi um presente maravilhoso para minhas 25 primaveras.




Conquistas do mês

Peso: Fui dos 73,9kg para os 73kg
Maior distância: 14km

Primeiros treinos

Nem tudo são rosas


Dia 09 de janeiro de 2017 iniciei meus treinos para a meia maratona.
Apenas com o objetivo de registrar minha evolução, eu sempre postava no meu Instagram, pois seria uma forma de incentivo, tanto para continuar correndo como para melhorar minha velocidade.
Primeira corrida: 25min10s , 3,68km , pace de 6min50s
Com o retorno das férias, percebi que deveria dar um jeito para treinar e a solução foi acordar às 5h e começar os treinos até 5h30min para que desse tempo de me arrumar, ajudar meu marido com o meu filho, tomar banho, comer e ir trabalhar.
Tudo parecia fluir até que meu primeiro muro surgiu dia 16 de janeiro: TPM.
Vocês devem estar se perguntando o porquê isso seria um muro, afinal é algo tão bobo. Frescura minha ter dificuldade para treinar, não é mesmo? Bom, para mim não foi frescura. Estava irritada, ansiosa e com compulsão. Nesse dia descobri que precisava de mais dois pilares para continuar meu objetivo: Rede de apoio e Disciplina.

Rede de apoio
No início você encontrará dois tipos de pessoas: as que irão te apoiar e incentivar e as que irão dizer "Eu sabia que era fogo de palha".
Você encontrará essas pessoas em quaisquer tipos de lugares e precisará "separar o trigo do joio".  Quem te incentiva e apoia, matenha por perto e agradeça o carinho.
Quem te provoca e te bota pra baixo, ignora ou mantenha distância.
Nesse dia, vi em meu marido a maior base de apoio e na minha mãe a maior base de incentivo.

Disciplina
É fácil planejar, calcular tudo nos mínimos detalhes e acreditar que o plano dará certo quando não surge nenhuma dificuldade, mas e quando surge? Joga tudo pro alto e liga o botão do f***-se ? (Já perceberam que eu não sou a mais pudica das pessoas né? Mas funciono bem assim) Esse momento eu percebi que a disciplina em manter um trato era muito mais importante que o apenas "querer". Muitas pessoas querem muitas coisas e desistem diante das dificuldades e isso que separa os que conquistam dos que desistem. Sem disciplina não adianta querer o mundo, pois uma hora a carga vai pesar nas costas e você a botará no chão em vez de respirar fundo, se concentrar e seguir em frente.

No dia 16 de janeiro, contrariando minha natureza de comer barras e barras de chocolate durante uma "crise" de TPM, calcei o tênis e fui correr. Não tinha treino previsto na planilha, mas isso não me importava. Corri. Corri de mim mesma, da minha ansiedade, da minha compulsão. Corri por 3km e isso foi suficiente para botar a cabeça em ordem e finalizar mais um dia.